É habitual no Seixal haver uma certa tendência de alguns
eleitos do PCP/CDU em comparar o investimento feito pelo Estado Central e o
investimento feito pela Câmara Municipal, numa espécie de comparação de “o que
investimos nós vs o que investiram eles” (sugiro como exemplo este post no Facebook do Presidente da Câmara Municipal do Seixal a que consegue aceder clickando aqui, sendo que o discurso é recorrente e regra geral mais abrangente).
Ora a lógica simples da matemática permite-nos sempre
comparar números (embora o sr. Presidente ali se tenha "esquecido" de dizer que estava a considerar o valor do terreno pelo meio da participação da Câmara), mas é discutível se estamos a comparar coisas que deveriam
ser equivalentes ou comparáveis – é que falamos de duas entidades com
competências distintas e complementares, que supostamente se articulam. Ora
este será o primeiro de um conjunto de vícios de que este raciocínio enferma;
mas talvez valha a pena meditar um pouco sobre isso.

Pagamos IMI (entre outros), mas pagamos igualmente IVA (entre outros).
Beneficiamos de serviços
de segurança, cuidados de saúde e etc, mas beneficiamos igualmente do
abastecimento de água e de outros serviços.
Mas em ambos os casos o dinheiro vem
dos nossos bolsos através dos referidos impostos, taxas e etc...
Adicionalmente temos que (em ambos os casos) os partidos ou políticos
não são “donos” nem do Estado Central nem da Câmara Municipal do Seixal, o “poder” é exercido por mandatos,
findo uns há novos, e assim sucessivamente; pode ser pelas mesmas pessoas, ou
outras; com isto herda-se o que é de bom e o que é de mau; passa o
património como passam as dívidas.
Agora, há coisas em que vale a pena pensar:
- Entendo que avaliando gestões devemos olhar não apenas ao que se faz, mas ao que se faz com o que se tem. Sendo que há comparações mais fáceis ou difíceis, podemos comparar os resultados de entre opções de gestão. Ora… Vamos pegar no exemplo que linkei, focando o caso do novo quartel dos Bombeiros em Amora. Há ali uma verba substancial que corresponde a fundos europeus; permitam-me que chame à atenção para o óbvio: os fundos europeus vêm do projecto europeu, que o PCP/CDU sempre hostilizou e sempre ambicionou que Portugal deixasse... então e sem projecto europeu, essas verbas viriam de onde?
- Ainda de números, e do que é óbvio, temos que com o governo do PS, recentemente Portugal tem conseguido deficits anuais baixos, naquilo que a maioria dos jornalistas, comentadores e etc., classificam de “bons resultados”; ainda assim há quem se queixe de os impostos serem elevados. Por seu lado, a Câmara Municipal do Seixal tem tido superavits anuais de muitos milhões, e digo “muitos” enquadrando com a realidade daquilo que é a dimensão do orçamento anual. Novamente permito-me chamar à atenção para o óbvio: o que diriam os portugueses se o governo não lhes baixasse os impostos, e tivesse continuadamente o mesmo tipo de grandeza de superavit que tem a Câmara? (já disse de onde vem o dinheiro?)