Respeito, compreensão, tolerância

Gosto de política, de debater e de trocar ideias.  
Ora, se todos os momentos políticos (e refiro-me a períodos e não a instantes) são diferentes, não posso deixar de notar que mais recentemente o nível da discussão parece ter descido, com os níveis de intolerância, de agressividade e incompreensão a aumentarem. 




  - Tentar "barricar" posições; 
  - Tentar criar um “nós” e um “eles”;
  - Fomentar ódio;
  - Adjectivar (insultar) em vez de argumentar;
  - Colar aos outros rótulos pejorativos, personalizando ataques; 
…Está simples e tristemente demasiado em voga!


Não tenho um remédio simples. Ainda assim, queria só lembrar que seja onde, como e com quem for:
Ouvi-te e penso ter-te compreendido, mas não concordo contigo
Ou
Tenho uma opinião diferente

É sempre admissível e deve ser respeitado. 

Adicionalmente um clima mais desanuviado, com menos acicatar de emoções, e menos personalização na discussão é mais propenso a criar um debate mais esclarecedor e mais profícuo. 

E para terminar, que promover ou acicatar ódios ou medos é errado, cria novos problemas e não contribui para a construção de soluções. E sim, construir soluções novas e melhores, ou simplesmente ajudar a melhorar as existentes é bem mais útil que criar bodes expiatórios ou veículos de ódio. 


Da suave falácia à falsidade descarada

Confesso: uma das coisas que mais me impressiona em alguns autarcas do PCP/CDU no Seixal será a aparente calma, e o ar solene, com que dizem algo que não é bem, ou que em alguns casos não é mesmo de todo, como afirmam - não o vejo como qualidade, mas efectivamente é impressionante.
Agora, o executivo da Câmara Municipal do Seixal (CMS) decidiu apresentar aos munícipes um conjunto de cartazes, espalhados pelo concelho, com 3 frases de medidas: 
“-Mais investimento: 900 milhões de euros
 -Nova diminuição da taxa do IMI
 -Tarifário Social da água alargado”

É exemplo o seguinte:


Sendo mais impressionante vou pegar na 1ª frase e desmontar a "coisa" em poucos passos:
  • Num Orçamento anual de uma Câmara são incluídas diferentes despesas (investimento, rendas, pagamento de salários, etc…), ou seja, um orçamento, por exemplo de 100 mil euros não é de 100 mil euros de investimento; será um orçamento que inclui investimento, mas há mais despesas;
  • Na nossa realidade, o Orçamento total da CMS para 2020 anda à volta de 105 milhões de euros (ver aqui);
  • Nos orçamentos são incluídos os valores de empréstimos, o que pode fazer o valor do orçamento crescer (é exemplo o Orçamento aprovado para 2019, que incluía a aquisição do edifício dos Serviços Operacionais, ainda assim, mesmo esse era inferior a 138 milhões de euros), aparte o valor de empréstimos, o valor dos orçamentos anuais para a CMS nos últimos anos tem subido, mas não tanto;
  • Se somássemos os 3 orçamentos já aprovados neste mandato autárquico, e ainda um estimativa do que se espera para o que falta discutir e votar (2021)… em termos de ordem de gradeza, o valor total nem é próximo de 900 milhões de euros!
Então…?

Estou certo que haverá autarcas do PCP/CDU a contabilizar coisas estranhas, ou a entrar por raciocínios habilidosos ou simplesmente absurdos (afinal de contas os cartazes estão aí), agora aquilo, apresentado daquela forma, e com aquele formato é informativo?

Quer dizer, era pretendido informar? O comum munícipe que vê o cartaz, percebe? Ou tem tendência a sair enganado?

Ora o que é então concretamente aquilo?
Informação (era bom, era) Propaganda com informação enganosa, e que ainda por cima é paga com dinheiros públicos (pela CMS).