“Honestidade”…?

É usual em campanha (e mesmo fora) que os partidos apostem em slogans ou simplesmente em palavras fortes que ajudam a passar uma mensagem positiva a seu respeito e/ou a sua mensagem. Contudo como há sempre a componente da estratégia de comunicação, o slogan ou as referidas palavras de ordem não são necessariamente caracterizadoras do programa eleitoral, ou do(s) candidato(s)…
E porquê me refiro a isto?
Além do que verificamos nas sucessivas eleições que vão passando, provavelmente o(a) leitor(a) já terá ouvido falar de Zita Seabra – uma dissidente do PCP com saída consumada deste partido na década de 80, e que escreveu um livro denominado “Foi Assim” em que conta algumas situações, episódios e faz algumas confidencias acerca do PCP. Ora uma dessas confidencias tem a ver com a fundação do partido “Os Verdes”  (o PEV - o outro partido da suposta coligação CDU); conta Zita Seabra que a criação deste partido foi uma iniciativa do líder comunista Álvaro Cunhal, que mandatou alguns “camaradas comunistas” com alguma sensibilidade ambiental para criarem o referido partido. Este partido visaria ocupar em Portugal um espaço político que se ia tornando significativo na Europa.

Com o tempo, e com a existência deste “partido-satélite”, logo à partida e por imposição legal, conseguiram que se fosse duplicando os habituais tempos de antena (formalmente são 2 partidos diferentes), e conseguiram que, mantendo um mínimo de 2 deputados eleitos pelo PEV (nas listas do PCP/CDU) à Assembleia da República (AR) se mantivessem os “direitos de um grupo parlamentar” mas por cada 1 dos 2 partidos (compare-se agora com os partidos que têm apenas 1 eleito na AR). Além disso, temos o tratamento pela comunicação social, a verdade é que diversas vezes ainda foram conseguindo duplicar o tempo que as televisões, jornais e outros órgãos da comunicação social atribuem aos responsáveis dos diferentes partidos, por exemplo nas criticas, reacções, ou tomadas de posição da mais diversa índole. A própria gincana política ficou mais facilitada (eu ia dizer que é o tipo de coisa que não se faz… mas fica redundante não é?).

O que acontece é que:
  • A lei permite, e pessoalmente entendo que bem, que as pessoas criem partidos; 
  • Nada obriga ou fiscaliza (e novamente penso que bem) que a actuação dos referidos partidos seja coerente, ou sequer vá minimamente ao encontro do que o seu nome, slogan ou o que os seus responsáveis anunciam;

Como estamos a falar do poder politico, e muitas vezes esta desonestidade intelectual perdura e é recorrente, considero má ideia restringir pela lei estas matérias. Ainda assim discordo frontalmente deste tipo de atitudes e acções.


Então e no final de contas, aqui o “crime” compensa?
Em última analise é aos eleitores que cabe a resposta a esta questão.
É que… É má ideia proibir, mas notamos! E aqui é evidente!
E então é ali que qualquer um de nós está à espera de encontrar honestidade?

4 comentários:

Luis Pedro Goncalves disse...

exemplo: https://www.rtp.pt/noticias/politica/chega-iniciativa-liberal-e-livre-sem-tempo-no-debate-quinzenal-de-quarta-feira_n1184472

Anónimo disse...

https://expresso.pt/dossies/diario/2019-11-12-Parlamento.-Os-direitos-que-os-partidos-pequenos--nao--tem-1?fbclid=IwAR3iUFN9WsidObDQIkiKJHeoyuX9T3UsnpryEi1Mw42aEbSXS0Lnw6tozD0

Anónimo disse...

https://ionline.sapo.pt/artigo/680484/chega-iniciativa-liberal-e-livre-ficam-fora-da-confer-ncia-de-lideres?seccao=Portugal&fbclid=IwAR0RF-3VMEE3yDsFSLd9vffDhDvR8urj3nQVKEQ83FHkaTAMQE2cNEiZ0gY

Anónimo disse...

https://expresso.pt/politica/2019-12-17-PS-PSD-e-PCP-recusam-aos-partidos-pequenos-lugar-na-conferencia-de-lideres

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