Sobre o Serviço Militar Obrigatório


As coisas alteram-se, mas para tentar enquadrar é de referir que hoje, dos partidos com representação parlamentar na Assembleia da República apenas o PCP defende oficialmente o regresso ao serviço militar obrigatório, e nem mesmo este partido tem tentado impor o tema, ou seja, não é previsível que seja reintroduzida esta obrigação num futuro próximo; contudo o tema tem sido focado recorrentemente por vozes isoladas de diferentes quadrantes. Por essa razão hoje decidi perder algum tempo a escrever sobre isso. 

Assim:
Entendo que em diferentes alturas, que apresentam  desafios diferentes, serão respostas diferentes as mais adequadas; concretamente ao que me refiro?  Hoje em dia Portugal terá um exército de 30 mil efectivos; aquando da guerra no Ultramar os números ascendiam a 300 mil – as ambições, e as necessidades  eram outras. 
Entre este tipo de realidades os números nem sequer são comparáveis.

Porque recordo isto? Porque é diferente estar num momento de guerra aberta em que temos de mobilizar todos os recursos para vencer (dito de outra forma “quando temos mesmo de ir todos porque faltam braços”), de um momento em que, em tempo de paz, se pensa na estrutura do nosso exército (quantos efectivos, quais os meios necessários, e como pagar tudo isto). Sendo que temos a sorte de viver num tempo de paz, tenho como profundamente errado – diria até perigoso – haver aqueles que defendem como “normal” obrigar os portugueses a estarem durante uns meses a trabalhar de borla, ou por valores abaixo do “preço de mercado” para suprir necessidades fixas. 
Ser-se soldado é uma profissão, se há falta de mão-de-obra devem-se abrir vagas; o mesmo raciocínio que usualmente aplicamos quando há falta de médicos nos hospitais, agentes policiais nas esquadras ou professores nas escolas.
TODOS os serviços do estado são pagos – com os nossos impostos; a defesa do país tem custos como o tem garantir cuidados de saúde, assegurar a ordem pública ou dar educação ás novas gerações. Pagamos, não obrigamos as pessoas a trabalhar de borla…

Adicionalmente e sem conceder no anteriormente referido, porque também há quem goste de referir que o tempo da tropa funciona de treino para eventuais confrontos militares futuros, convém lembrar que ao logo da vida as pessoas têm flutuações de forma física (mais visível nuns “quilinhos” a mais ou menos), ou seja fazer um treino intensivo com 18/19 anos não tem tanto impacto para algo que se fará uma mão cheia de anos depois… Além disso, em caso de confrontos armados os primeiros a ser mobilizados são os efectivos do exército; é com eles que se dá o 1º impacto, também é nessa altura que se recruta (seja voluntariamente ou por meio de requisição civil) e dá treinos aos recrutas que vão reforçar as fileiras; ou seja é na altura que se  dá o treino necessário; não é anos antes. E obrigar só deve acontecer se for estritamente necessário (“quando temos mesmo de ir todos porque faltam braços”).

Vivemos tempos de paz, conseguimos resistir a escravizar  por uns meses alguns concidadãos para poupar uns trocos?

3 comentários:

Anónimo disse...

https://zap.aeiou.pt/so-pcp-quer-regresso-servico-militar-obrigatorio-214128?fbclid=IwAR1sKHAbmKDZigjviKDDTPmPGRMh5AvTisNv63k2TCJYjEs-igE8OLqZWS0

Anónimo disse...

https://www.publico.pt/2018/08/10/politica/noticia/partidos-divididos-sobre-discussao-do-servico-militar-obrigatorio-1840655?fbclid=IwAR2Zooebkv0vBOGE4dBr-UXXjK6aQCqCntNyfBNNmRwXaHLnNHyg3uhqk9M

Anónimo disse...

https://expresso.sapo.pt/revista-de-imprensa/2018-08-10-So-o-PCP-defende-o-regresso-do-servico-militar-obrigatorio?fbclid=IwAR04Y2eR6M1bMbGU3Q9GYMVVA0eUaFGUMfyKiS4mopS52UVM4s6_ZUGQkEo#gs.c1_FO9I

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