No passado dia 27 de Abril foram discutidos e votados em Assembleia Municipal o relatório e contas de 2017 da Câmara Municipal do Seixal. Os relatórios (como os
orçamentos) são anuais, contudo o ultimo ano de um mandato é mesmo aquele
momento em que já não dá para adiar o cumprimento de promessas, ou o resolver
de problemas.
Assim 2017 foi (um pouco como todo o mandato 2013/17)
marcado pelas queixas da população pelas insuficiências dos serviços de recolha
de lixo – há(avia) mesmo falta de meios.
Foi um ano de poucos investimentos – e havia alguns estruturais
exigidos pela população e adiados pelo executivo; de que são demonstrativas as
queixas de falta de pressão de água em Fernão Ferro, bem como algumas situações
que se eternizam – continuamos com escolas primárias em turno duplo no concelho.
A isto somam-se as eternas promessas novamente adiadas (como as piscinas de Paio
Pires entre outros).
Foi também o ano em que as obras na zona antiga do Seixal se
eternizaram, levando a queixas de moradores e comerciantes, afectados nas suas
actividades pelo fato de as pessoas tenderem a não se deslocar a locais
transformados em “estaleiros de obras”. Foi um ano em que se continuou a
verificar a teimosia do PCP/CDU em por um lado continuar a não cumprir a lei –
continuamos sem Conselho Municipal da Juventude, e por outro em não adoptar o Orçamento
Participativo (uma medida de participação cívica de reconhecido sucesso).
Porque quem me conhece sabe que recorrentemente lembro: “Não
é só o que se faz; é o que se faz com as condições que se tem” (é portanto de
atender a constrangimentos materiais, financeiros e outros que se verificam); faz
portanto sentido lembrar que em termos financeiros esta execução orçamental
teve um superavit de aproximadamente 20 Milhões de euros (directamente influenciado
também pelo(s) superavit do(s) anos anteriores); isto apesar de claras
necessidades o investimento.
Aqui note-se igualmente que nunca foi anunciado pelo executivo
a intenção ou necessidade de se criar uma “almofada financeira”, algo com que
podemos ou não concordar mas seria uma opção.
O referido valor de saldo passa agora, com as devidas reservas
legais, para a execução deste ano. Aqui de destacar 2 momentos
- que no inicio deste ano (votado na 2ª S.E. da Assembleia Municipal) foi utilizado parte deste saldo (4 milhões de euros) para substituir um empréstimo que se ia fazer**
- será feito um reajustamento das GOP’s de 2018 – a discutir já na próxima sessão agendada da Assembleia Municipal do Seixal (pode obter aqui a documentação disponibilizada aos eleitos)
** Achei importante introduzir aqui uma nota explicativa. O reutilizar directamente o valor de saldo do ano anterior sem as contas aprovadas- como foi feito; poderia levar a pensar que “reservar” 4 milhões de euros para este efeito poderia ter sido uma opção de gestão – de forma a substituir o empréstimo que se ia realizar; contudo não só não foi assumido dessa forma pelo executivo, como as datas o impossibilitariam, é que esta norma só existe desde que foi aprovada no orçamento de estado de 2018 (portanto no final do ano); até aí era impossível, ou seja, “sobrou” mesmo dinheiro.
Adicionalmente fica (mais) uma má opção de gestão: houve efectivamente uma decisão sobre contrair um empréstimo (cancelou-se pela oportunidade de utilizar parte do dinheiro do saldo). Mas há uma utilização de 4 milhões de euros. Agora efectivamente discutiu-se a aplicação destes 4 milhões de euros (do saldo) mas, não se esclareceu: inicialmente pretendia-se fazer um empréstimo (agora cancelado). O destino desse dinheiro era o mesmo? Se sim qual é a utilidade de contrair divida (num financiamento bancário a que se ia recorrer) em que se pagam juros, para pagar dividas que têm planos de pagamento “sem juros” (no caso concreto à ADSE)?
Naturalmente e para terminar, e porque como dizia “Não é só
o que se faz; é o que se faz com as condições que se tem”; fica a visão
positiva... É que com este reforço financeiro haverá (ainda) menos margem para que
se falhem os investimentos (anuais e/ou plurianuais) anunciados.
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