Ganhar e perder eleições é diferente, a consequência –
exercer o mandato como estando no poder ou na oposição também o será; e desde
logo porque por um lado sabemos que quem ganha quer colocar em prática o seu
programa e não o nosso e por outro porque não só tem o poder para o fazer (nº
de eleitos), como a legitimidade da vitória nas eleições.
Quando vamos para uma
discussão tão importante como as Grandes Opções do Plano e Orçamento – como
ocorreu a alguns dias, para o ano de 2018, naturalmente a melhor postura será a
de alguma abertura e espirito construtivo, claro está, sem abdicar de defender
aquilo em que acreditamos e apontar o que achamos estar mal – não é adequada uma
posição de “bota-baixo” apenas porque sim, mas uma postura de “yes-man” seria até
estranha.
Relativamente à proposta apresentada pelo executivo da
Câmara Municipal do Seixal (CMS) à Assembleia Municipal para discussão e
votação sobre as GOP e Orçamento de 2018 (disponível aqui – veja a partir da
página 174); conseguem-se assinalar alguns pontos positivos
- o que parece ser uma(ainda que tímida) iniciativa de adoptar
um Orçamento Participativo (ainda que
com outro nome e com valores inferiores aos que me/nos parecem adequados); as iniciativas de instalar Wi-Fi gratuito em
equipamentos públicos e parques urbanos, de implementar e dinamizar a
utilização de ferramentas digitais para comunicar com, e atender os, munícipes,
bem como certificar os serviços com Normas de Qualidade; são medidas que merecem naturalmente o melhor acolhimento –
sejam iniciativas bem conduzidas e bem realizadas.
Fala-se igualmente hoje em implementar um plano para
diminuição dos consumos ilícitos de água – é de recordar que o PS já à anos
defende a introdução de contadores intermédios na rede para detectar potenciais
fugas.
Já no que toca a uma das temáticas mais abordadas nas queixas
pelos munícipes – a recolha dos resíduos sólidos urbanos (do lixo), há algum
investimento, ficando-nos a dúvida premente e persistente se será suficiente
para o necessário; aqui ser a força “no poder” e portanto que gere os serviços
dá efectivamente direito a mais informação, e daí acrescerá também maior
responsabilidade do executivo.
No que respeita ao investimento – e sobretudo quando
pensamos em obras a realizar, será antes de mais de atentar ao valor em causa: falamos de um orçamento de um grande municipio, concretamente no valor de 86,5 milhões de euros. Posto isto será de fazer 2 pontos prévios
- em 1ª analise é de lembrar que nos últimos exercícios orçamentais a Câmara Municipal do Seixal registou superavit, ou seja, houve reinvestimentos no ano seguinte de valores que “sobraram” do ano anterior (veja aqui e aqui) . Ora, este “haver dinheiro a mais” desde logo aponta para valores cobrados a mais aos munícipes, ou para falta de obra; dir-me–ão que importante é que se faça o que é necessário, e o dinheiro acaba por ser reinvestido, mas a verdade é que se as obras necessárias já estivessem feitas já estaríamos a desfrutar da mais–valias que as mesmas nos trazem…
- em 2ª analise, e recordando que apesar de estarmos num
novo mandato, já cá andamos à alguns anos, é também de recordar que é habitualíssimo vermos rúbricas no
orçamento que não se chegam a cumprir nesse ano; bem como casos de em investimentos
plurianuais (ou seja, em que o investimento é feito/dividido em mais de 1 ano), em que não se cumpre o previsto para os anos
seguintes; o que leva a um “empurrar com a barriga” dos investimentos, ou ao
simples cancelar dos mesmos. Um exemplo? As piscinas de Paio Pires que chegaram
a estar previstas, a ter empréstimo
contratado e nunca foram (até hoje) construídas – se lhe perguntassem na altura
se era boa ideia, não teria concordado?
Igualmente as Escolas Básicas (ainda) em falta, que chegarama ter empréstimos contratados?
“O que importa que se
faça”, mas se por um lado dava jeito que já estivesse feito, por outro “quando
se diz que se vai fazer, então é mesmo para fazer”!
No que diz então respeito à proposta concreta que foi votada
e aprovada (e supostamente será para cumprir) vemos também alguns investimentos
a realizar durante o ano, ou pelos anos seguintes, que serão importantes.
De entre as medidas mais visíveis:
> 1 milhão este ano e 250 mil euros em 2019 para o centro
de distribuição de água para Fernão Ferro (uma solução alternativa à inicial
que deverá, segundo o executivo
satisfazer as necessidades da população);
> 500 mil este ano, 250 mil em 2019 e igualmente 250 mil
euros em 2020 para iniciar obras de saneamento e infra-estruturas na Verdizela ;
> para a construção das piscinas de Paio Pires 500 mil euros este ano
e 1,5 milhões de euros para o ano ;
> para o Centro Cultural de Amora estão previstos 50 mil
euros este ano, mas para 2019 o valor a investir será 1 milhão de euros e em
2020 mais um milhão;
> para o Centro Cultural de Corroios estão previstos 70
mil euros para 2019 e 500
mil euros em 2020;
> para o Centro Internacional da Medalha Contemporânea, 20 mil euros
este ano, e 400 mil euros para o ano ;
> para o complexo desportivo de Sta Marta estão previstos
cerca de 529 mil euros já este ano ;
> para 2 estádios:
- o da Medideira será (segundo o
documento) contemplado com 14 mil euros para requalificação este ano, mas 1 Milhão de euros em 2019 e mais 1 milhão em 2020; -
para o de Vale de Milhaços estão previstos 350 mil euros em 2019, igual soma em
2020 e novamente o mesmo valor em 2021
> para um pavilhão desportivo em Amora prevêm-se 400 mil euros em 2019 e 500 mil em 2020 ;
> para requalificação
do Complexo Desportivo Carla Sacramento
estão previstos 350 mil euros em 2019 ;
> para a requalificação do Mercado da Cruz de Pau estão
previstos 482 mil euros este ano e para a requalificação do mercado da Torre da
Marinha 500 mil euros para 2019;
> para o pavilhão desportivo municipal de Fernão Ferro
estão previstos 50 mil euros em 2019 e 700 mil euros em 2020;
> para a 2ªfase do Parque Urbano do Seixal estão previstos
200 mil euros em 2019 e 250 mil euros em
2020;
Como já referia, o investimento nos serviços de recolha de resíduos
sólidos é importante. Fica aqui a nota que o executivo sabe das queixas, sendo que no meu entender, mesmo pensando no tempo, uma maior fatia de investimento nestes serviços deveria ser feito já este ano, mas aqui (e não só) será aguardar e ver.
Sendo que este é o 1º orçamento e as primeiras GOP deste
mandato, ficamos pois a aguardar pela sua execução, e pelo que está planeado
para o futuro – neste caso, o PS na Assembleia Municipal, como na Câmara, absteve-se.