Como todos sabem os partidos políticos têm congressos periodicamente; e (como saberão menos mas já é público), o PS já tem o seu próximo Congresso Nacional marcado para os dias 10 e 11 de Julho.
Como é da praxe, no PS antes de qualquer Congresso, é
definida pelos órgãos nacionais “á data
no poder” a composição da Comissão Organizadora do Congresso seguinte (vulgarmente
designada COC) que mais não é que o grupo de militantes que organizarão o Congresso,
definindo, entre outras coisas, as regras segundo as quais o mesmo se rege.
- moções globais de estratégia – são as moções apresentadas pelos candidatos a secretário geral, sendo por assim dizer o “plano de trabalho” que a(o) candidata(o) apresenta para o mandato (não é destas que falo)
- moções sectoriais – documentos apresentados no congresso, por qualquer militante, e que focam especificamente uma medida, ou iniciativa ou tomada de posição. Exactamente porque os militantes as apresentam e não costuma haver tempo suficiente nos congressos, é vulgar as deliberações sobre estas moções serem feitas já pelos novos órgãos eleitos, algum tempo após a sua eleição (é destas que falo)
As regras para apresentar quer umas, quer outras, variam então com
as deliberações da COC que organiza o congresso em questão.
E qual é o problema então?
Como é visível no screenshot que junto como imagem neste post:
para este congresso a COC optou por exigir que, para as moções sectoriais serem apresentadas, teriam de ser subscritas por um mínimo de 5% dos delegados ao congresso. Por comparação, faz sentido dizer que no congresso anterior qualquer militante de base com as quotas em dia o poderia fazer.
Vamos fazer agora uma pausa de 5 segundos…, e vamos pensar.
Mas vamos lá a ver, o que se pretende aqui?
- Exigir “mini-manifestações de força”?
- Colocar um qualquer militante, com uma excelente ideia mas pouco poder, “no lugar” e em silencio numa espécie de snobismo caciqueiro?
- Privilegiar que os militantes que querem discutir politica se tenham de juntar a “barões partidários controleiros” e lhes tenham de pedir autorização para fazer política?
O tema central dos congressos nacionais é a escolha do novo secretário-geral, da estratégia a seguir e dos novos órgãos que o vão acompanhar, contudo e repetindo-me de tráz
- Não “cabe tudo” numa moção geral
- Há matérias que por si só merecem ser aprofundadas aparte da estratégia global
- Os militantes de base devem ter o direito claro de ver as suas ideias e propostas debatidas e votadas;
- Quando qualquer moção “indesejada”, ou que não
colhe apoio, é entregue; basta aos delegados ou eleitos nos órgãos nacionais
votarem contra.
Uma proposta que tem por suporte uma moção, só é vinculativa mediante aprovação da mesma, não pela sua apresentação/entrega – é da democracia.
Mas afinal estamos com medo de alguma coisa?
Constatação do óbvio: não é preciso “ter força” para se ter razão ou para fazer um apontamento ou proposta digno de interesse. Mudar é bom, mas só se for na direcção certa, senão é só tonto (para não dizer mal intencionado).
Perde a democracia, perde o partido, e perdemos todos.