A posição tomada pelo governo,
acerca do fim dos contratos que co-financiam turmas em colégios privados tem marcado
a atualidade mediática; até porque entendo que a questão se enquadra em questões de ideologia; gostaria igualmente de dar o meu ponto de
vista.
Assim por principio defendo que:
- o estado deve garantir serviços
como saúde e educação
- o estado deve garantir que
estes serviços são prestados com qualidade
- o estado deve garantir que
estes serviços são disponíveis a todos e em todo o lado
E qual o espaço da iniciativa
privada?
Entendo que o estado não deve
deixar de prestar serviços para que outros os vendam. Ou seja, o que
pessoalmente admito não é dividir o mercado de procura, o que aceito é
que (e apenas) em situações em que não haja oferta pública se estabeleçam
parcerias, e dessa forma se pague a privados para garantir esses serviços- concretizando:
o estado contratualiza com o privado apenas até existir oferta pública.
- É esta a opção que está a ser
seguida pelo governo; com o cuidado até de fazer a transição: não se interrompem
ciclos já iniciados, deixando que essas turmas os completem; a aí sim termina o
co-financiamento.
Apraz-me contudo chamar à atenção
para aquilo que me parece ser o colocar em questão de um dos princípios fundamentais
sobre os quais assenta ao Estado Social, quando se defende que as pessoas
possam ter o direito de "levar os seus impostos" para outro sistema.
De uma forma curta e simples: um
dos princípios básicos do Estado Social é o da solidariedade na contribuição
(paga mais quem mais pode) e disponibilização de soluções (que se pretendem e
devem garantir da qualidade necessária), em quantidades suficientes para todos
– isto dito de forma mais clara significa exatamente que quem mais pode, contribui
(paga) mais para compensar quem menos pode e portanto contribui menos. "Separar sistemas" (ou alunos) quebraria este principio de solidariedade.
Finalmente; e para terminar, penso valer a pena
desconstruir um argumento que ouvi sobre o suposto terminar dos postos de emprego assegurados
pelos colégios: na realidade o que temos é que para uma determinada procura (alunos) são necessários
professores e pessoal auxiliar e administrativo; ora se os alunos transitam
para outra escola, o pessoal docente e não-docente passa simplesmente a ser necessários na nova escola dos alunos – no caso concreto, com as regras do ensino público.
Nem é novidade, o PS
historicamente sempre foi um defensor e obreiro do Estado Social e um defensor
da escola pública - esta opção faz (e bem) jus ao que sempre defendemos.
Sem comentários:
Enviar um comentário