É muito usual no nosso dia-a-dia o uso da expressão “vitória pírrica (click)”, mas este texto tem a ver com outra que decidi usar hoje – “derrota
pírrica”, uma derrota que não só tem um custo elevado, como não é de todo uma
vitória mas exatamente isso: uma derrota.
Começaria por dizer que não me revejo na forma menos simpática
como quer o nosso 1º ministro quer o nosso presidente da república se referiram
à Grécia. A forma como a cultura e a história do povo grego influenciaram
as de toda a humanidade é motivo da maior admiração; contudo, o que o povo grego quer é do mais óbvio e
simples possível: quer viver tão bem quanto possível – não o queremos nós
também?
É impossível determinar com precisão o que pensam no mesmo
momento milhões de pessoas, ainda assim, o que conhecemos da resposta das populações aos
fenómenos mediáticos, induzem-nos a pensar que ao apontar um cenário idílico (e
utópico) com um discurso atraente e apelativo o Syriza conseguiu “pintar” as
opções de outra forma aos olhos dos gregos – a pergunta impõe-se: vemos a realidade, ou vemos
o que queremos ver?
Pessoalmente? Bem…
“não sei por onde vou, mas sei
que não vou por aí…”
No passado recente a visão do Syriza venceu... já se vêm os
resultados?
- bancos fechados
- multibancos com levantamentos limitados a 60 euros
- o Financial Times fez recentemente manchete com a possibilidade dos depositantes poderem ter de acabar a contribuir para o resgate dos bancos;
- Vasilis Korkidis da Confederação de Comércio, citado pelo diário britânico The Guardian referia: “…Mesmo no melhor cenário, vai ser preciso meses para recuperar do choque dos bancos fechados e do controlo de capitais. Agora que estão em vigor, podem durar até um ano…”
Viver melhor é isso?
Bem, porque é impossível não olhar e pensar na nossa
realidade, António Costa, que espero ser o próximo 1º ministro
de Portugal, veio fazer claramente a distinção de opções, referindo a situação grega como:
"a dramática ilustração do que seria a situação em Portugal se não houvesse em Portugal o PS (click)"
A afirmação de uma esquerda com preocupações sociais, mas
suficientemente responsável para não cair em situações como a atual na Grécia,
é aliás um dos maiores marcos da história do PS.
E penso que ninguém duvida que há diferenças se, citando novamente
António Costa:
"em vez de sentar o Dr. Pedro Passos Coelho, se sentar
o líder do PS e defender em Bruxelas uma política diferente daquela política
que a direita defende".
Aproveitava para lembrar as palavras (e o apelo) do presidente da Comissão Europeia Jean-Claude Juncker relativamente à situação na Grécia:
"Não é por ter medo da morte que temos de cometer suicídio"
Também para os gregos há saídas; também para os gregos há abertura para negociar.
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