(mais) um abuso

Hoje em dia é habitual vermos outdoors, muppys (aquelas estruturas metálicas que se encostam a postes) e diferentes tipos de cartazes nas nossas ruas que se somam à publicidade paga em meios de comunicação, que publicitam partidos, personalidades ou temas políticos. Será discutível se as nossas cidades ficam mais bonitas assim, ainda assim creio que é um sinal da saúde da nossa democracia: existem alternativas e quem as defende pode publicitá-las.
Para além das temáticas políticas, temos também micro, pequenas ou grandes empresas que usam meios de propaganda; e naturalmente quer uns quer outros pagam-na.

E então, ao(à) leitor(a) o que pareceria se de repente as lojas e empresas passassem a, em vez de pagar a sua publicidade, pedir a alguém para fazer desenhos nas paredes alheias (seja de entidades públicas ou privadas) de forma a se promoverem?
Aceitaria de bom grado ter anúncios não-pagos do talho do Jerónimo, do tasco do Joaquim, ou da mercearia do Alfredo nas paredes de sua casa? Penso que a sua resposta seria como a minha: Não!

No que concerne ao espaço público  -que por definição é de todos– a resposta costuma ser menos imediata; mas tão-somente porque nos sentimos menos relevantes; contudo na prática a minha resposta seria a mesma: Não!
E se fossem entidades políticas a se autopromover "à borla"? Como antes: Não!

Então o que dizer da acção do PCP/CDU e sua Juventude Partidária no Seixal? Vejam-se as seguintes fotos de exemplo:

 

*na marginal, em Arrentela

*Centro de Saúde no Seixal

Dizem que 1 imagem vale mais do que 1000 palavras, e será aqui claro:

  • aquelas não são situações de grafitis, bombings ou tags de um qualquer individuo ou grupo graffiters;
  • aquelas não são situações de graffitis críticos a algum aspecto na sociedade;
  • aquelas não são situações de embelezamento do espaço público pela arte;
  • aquelas não são sequer situações de tentativas de promoção de temas políticos fora, ou transversais, à esfera partidária;

 

Aquilo é publicidade gratuita (ou sendo que teve de ser feito, a um custo substancialmente reduzido), que aquelas entidades partidárias usam para se autopromover.

Aquilo é o PCP/CDU a desfrutar de mais um ABUSO no Seixal.