O ano de 2020 tem sido marcado, quer a nível nacional, quer a nível mundial pela pandemia do COVID-19.
Sistematicamente chegam notícias de
infectados e mortos. Comparativamente ao cenário internacional o caso português
não é sequer tão mau, contudo está longe de ser um pormenor. Além disso os efeitos na economia, uns que já se sentem, e
outros que se prevêem, e que derivam desta crise, são graves.
Do ponto de vista financeiro, olhando aos agregados familiares, temos que neste período houve quem
simplesmente ficasse sem emprego e outros que, mantendo o emprego, foram sujeitos ao
layoff com respectiva redução de remuneração - e isto quando nos focamos apenas
nos trabalhadores por contra de outrém.
Olhando ao tecido empresarial, não
é difícil perceber que muitos são os casos de aperto, notemos:
- uma empresa que não trabalha, não produz, e daí não factura;
- uma empresa de serviços que ou não funciona, ou funciona menos tempo, ou para menos pessoas, venderá menos serviços e daí terá menos receitas;
E os custos? Bem… mesmo em layoff
há valores a pagar, mesmo o adiar de pagamentos não os elimina, e seja nas
rendas, ou nos empréstimos bancários, adiar dívidas não as paga – essa factura
virá no futuro.
Do ponto de vista macroeconómico já
é mau, se bem que quando nos reerguermos novas empresas surgirão, a criar esses
ou outros produtos, a prestar esses e outros serviços; mas do ponto de vista
individual não é mesmo um detalhe.
É que do ponto de vista “macro” um café ou um
bar são “apenas” um café ou um bar, mas individualmente trata-se do projecto empresarial
que materializa o sonho de alguém, mais: o projecto empresarial (e
profissional) que sustenta o seu projecto de vida.
E quantos não foram aqui gravemente afectados?
Exactamente porque consigo perceber
as dificuldades alheias, sou mais critico para posturas menos responsáveis, e sobretudo
para aqueles a quem, por um lado por terem acesso aos números e projecções, e por
outro, por ocuparem cargos de liderança, seria expectável maior preocupação e cuidado, mas acabam fazendo gato-sapato das normas e
agem tendo apenas por base o seu interesse, e com isso contrariam o que o
mero bom censo já desaconselha.
Vou ser claro: é inadmissível a realização
da Festa do Avante, nos seus moldes normais, neste ano. O que tem a mais ou a
menos face aos outros eventos cancelados? É apenas por ser “a festa do PCP”?
Permito-me fazer eco das queixas
da população:
“Pára tudo, vem aí o PCP e vamos realizar o Avante?”
Vamos desmistificar “a coisa”:
- ninguém impede ninguém de tomar posição e a divulgar;
- ninguém impede ninguém de fazer debates; seja online ou presenciais (neste 2º caso com cuidados de distanciamento de segurança);
- ninguém impede ninguém de fazer eleições;
E tipicamente, fora da pandemia, ninguém se chatearia se outro alguém, em casa, no quintal, num pavilhão ou numa quinta, fizesse uma festa, seja com entradas gratuitas ou pagas.
Agora, ainda não saímos
da pandemia, ainda há medidas restritivas, ainda não estamos livres de haver um
qualquer retrocesso, e houve mesmo cancelamento de muitas actividades deste género.
O que temos então?
“Os festivais são todos iguais, mas uns são mais festivais que outros“?
Há facturas que são pagas pela comunidade, e a irresponsabilidade perante uma pandemia é um exemplo.
Pessoalmente sou frontalmente contra a realização da Festa do Avante este ano.
E de forma curta e pessoal, deixo
um desejo:
Tenham vergonha!