As privatizações em geral e os CTT


Na nossa sociedade, naturalmente as diferentes empresas disputam os nichos de mercado – ou dito de outra forma – as oportunidades de negócio; que detectam e sobre as quais conseguem mover-se.

Se pessoalmente compreendo que, com algum controlo do estado, há áreas em que a oferta privada consegue estabelecer uma sã relação de concorrência, noutras tal simplesmente não acontece, e isso poderá suceder pelo tipo de negócio ou simplesmente pelo tipo de serviço prestado – aqui são exemplos mais claros os monopólios.
De entre os monopólios temos os naturais- porque oferecem um determinado serviço que, dadas as suas características só pode ser prestado por uma empresa (por exemplo o explorar de determinado recurso natural); e temos os monopólios que se instituíram no tempo; e aqui refiro-me a empresas que algures no passado (invariavelmente apoiadas pelo estado), criaram os meios e se instalaram no terreno para prestar um serviço; contudo o investimento (invariavelmente em conjunto com o estado) foi de tal forma avultado que apesar de nada impedir que uma outra empresa de iniciativa privada se instale e constitua como concorrente, verificamos que tal simplesmente não acontece, nem é previsível que aconteça. É o que acontece com os CTT em Portugal.

Com a assinatura do memorando de entendimento, que decorreu do nosso pedido de ajuda externo para acesso a financiamento a juros mais baixos; a passagem da gestão dos CTT passou (no meu caso e no de muitos, a contragosto) para a mão de privados.
Aqui, e sem conceder no que diz respeito ao que afirmei – entendo ser uma péssima ideia privatizar empresas que têm monopólio sobre determinado segmento de negócio – consigo ainda perceber que, em Portugal, estas privatizações costumam ser mal conduzidas; e verifica-se que; ou no momento da contratualização, ou na passagem à prática do acordo; não são devidamente salvaguardados a qualidade/preço do serviço, ou os empregos de quem trabalha na empresa (aqui importa referir que uma empresa estatal deve ser competitiva, ou seja deve ter os trabalhadores que precisa… Se queremos manter a qualidade de serviço, como podemos dispensar gente?).

No caso dos CTT:
Sobre os recursos humanos temos que já terá havido acordo para cerca de 220 rescisões (click).
E a qualidade de serviço? Sobre a qualidade de serviço, já foi noticia no passado que não estavam a ser cumpridos os níveis contratualizados (ver aqui); e ainda temos que no inicio do ano foi anunciada a intenção de fechar 22 estações – apesar de se anunciar a possibilidade de se criarem alguns postos de atendimento em algumas dessas zonas. De entre as estações a encerrar encontra-se a da Aldeia de Paio Pires, aqui no Seixal.

Vejamos, antes de mais é de referir que analisando a implementação da empresa no mercado – como dizia anteriormente um monopólio que se instituiu no tempo, e o degradar da qualidade de serviço, efectivamente comprova-se que passar a gestão destas empresas para as mãos de privados é má ideia.
Depois, há que atentar à situação em concreto e ao que se pode fazer: ou seja, é imperioso garantir por um lado o cumprimento dos compromissos assumidos, e se possível pressionar para tentar garantir mesmo aquilo que não estando contratualizado, pode ser garantido agora – como também escrevi anteriormente é demasiado comum em Portugal que não se acautele, ou na contratualização ou na passagem à prática do acordo a relação preço/qualidade do serviço. Na medida do possível, é nisso que hoje temos de trabalhar.
Sobre o que acontece cá, é de lembrar que no Seixal, já se verificou em 2013 o encerramento de uma estação dos CTT em Amora, contudo, efectivamente hoje temos que já foi aberto um posto de atendimento perto do local. Para a Aldeia de Paio Pires entendemos que se deverá manter a estação, e dessa forma garantir que a população beneficia dos serviços, e com a mesma qualidade de serviço. Se não houver outra hipótese será de tentar viabilizar a instalação de um dos postos de substituição na zona (como aconteceu na Amora)… mas o que queremos mesmo é manter a qualidade de serviço e a estação.

Aliás, correndo o risco de me repetir, recomendo a leitura da moção sobre o tema que apresentei pela bancada do PS na 1ª Sessão Extraordinária da Assembleia Municipal do Seixal:

  
(Curiosamente) este documento foi chumbado com:
- Votos a favor: PS e PAN; 
- Abstenção: PSD, CDS, BE; 
- Votos contra: CDU e Sr. Pres.Junta de Fernão Ferro

Naturalmente um caso que continuamos a seguir.